quinta-feira, 17 de maio de 2012

Desperate Housewives e a vida real...

Assisti este seriado inteiro, completo. Aluguei as temporadas da primeira a sétima, e, a última, que se encerrou no domingo, dia 13 de maio, nos EUA, eu baixei na internet. Devo ter consumido os dois últimos meses assistindo os capítulos em todos os momentos de folga. Não quero mais me envolver num seriado desta forma. No entanto, valeu a pena. Ele foi apaixonante e envolvente. Muito...
Para quem nunca se interessou, ele tratou durante oito anos, da vida de quatro amigas num subúrbio americano.
Num lugar extremamente aprazível, elas entrelaçaram suas vidas com todo tipo de relações. Filhos, maridos,  amantes, segredos, mistérios e muita cumplicidade. Foram amigas para todas as situações, fiéis, prestativas, participativas, mas as vezes misteriosas, dissimuladas, enfim, uma mistura de sentimentos e questionamentos.
Apesar de tudo que passaram juntas conseguiram manter, até a definitiva separação pelas contingências da vida, um sentimento fraternal difícil de se encontrar na vida real. Poucos podem dizer que tiveram algo parecido.
Eu tive.
Na década de 70, ou melhor, exatamente em 1970, eu me casei. Fui morar em Campinas e por lá fiquei 34 anos de minha vida. Tive minhas três filhas e, criei vínculos extremamente fortes com três recém casadas como eu. Formamos um grupo unido que exercia todo o tipo de influência uma na outra.
Muito aprendi com elas e, tenho certeza, que também ensinei.
Devagar, ao longo dos anos, uma de cada vez foi embora de Campinas. Fiquei só...
Lembro-me como se fosse hoje, que chorei a noite toda, quando a última me avisou que estava voltando para o Rio de Janeiro... Não sei bem explicar a enxurrada de sentimentos que se abateu sobre mim. Não me lembro de ter chorado tanto em toda a minha vida. Abandono, carência, tristeza... Tudo isto junto. É engraçado isto analisando hoje.
Eu trabalhava nesta época, com três filhas, marido... Tudo corria bem, mas a perda das amigas foi muito doída. Não cortamos relações, apenas cada uma deu seguimento a sua vida em outro lugar.
Mantemos contato até hoje. Nos falamos nos nossos aniversários, nos aniversários dos filhos e através das redes sociais acabamos intensificando um pouco mais estes contatos.
Mas eu tenho um vazio que nunca foi devidamente preenchido. Nunca mais consegui contatos do mesmo nível e recentemente aquele que ficou mais próximo de mim, degringolou...
Não sei se tenho culpa nisto. Acredito que não. São as circunstâncias que nos cercaram as culpadas.
Amizades são construídas e destruídas. É assim que funcionam. O que as constrói? A compreensão, a aceitação das limitações do outro, dos seus erros e descuidos no falar e no agir. E o que as destrói? A falta de confiança, a  falta de cumplicidade, a falta de amor.
Nosso DNA, nosso gene egoísta, só entende a perpetuação da espécie, só tem olhos para aqueles que são sangue do nosso sangue, mesmo que estes estejam fazendo tudo aquilo em que não acreditamos. Mas, por outro lado, ainda pensamos que eles serão o nosso único suporte e nem sempre isto acontece.
Mas, de acordo com uma amiga, devemos ficar observando o teatro... não querem nossa interferência, nossa ajuda, nossa visão, vamos então apenas assistir os atores fazendo suas peripécias, seus tombos previsíveis e aplaudir seus pequenos acertos. Não temos o direito de interferir na vida, nas opções de ninguém e é assim que temos que aprender a viver.
Mas voltando as velhas amigas, elas moram no meu coração e, é sempre o momento ideal, aquele em que nos reencontramos, no qual podemos tirar aquela foto que tem se repetido a todo casamento, aniversário, nos quais temos oportunidade de estar reunidas, e, nestes momentos, é tudo como se nunca houvesse tido uma separação.
É muito bom ter construído no nosso caminho amizades como as que tive. São boas recordações, bons momentos revividos, e, como disse uma das personagens do seriado referido acima, Susan :
"Você sabe que ficou velha quando suas memórias se tornam mais importantes que seus sonhos" #DesperateHousewives
No momento é assim que me sinto com relação a amizades. Velha, para fazer novas, porque as antigas me marcaram muito e, durante o seriado, reencontrei em cada personagem uma amiga. Deu muita saudade, mas ao mesmo tempo, me senti privilegiada, pois eu tive uma convivência daquelas, rica e plena.
Muitas coisas não foram ditas, muitas foram reprimidas, mas o principal é que criamos uma ligação que nem o tempo e nem a distância, podem apagar de nossas memórias. Sempre nos lembraremos com alguma sensação, seja qual for: alegria, saudade, tristeza, vazio. Tudo junto, reprimido ou extravasado, mas sempre presente de alguma forma.
Cada uma tem suas preocupações, problemas, mil tarefas, mas sei que em seus corações pulsa uma saudade como a minha, uma nostalgia de tudo que foi vivido, intensamente.
Mas também sabem, como eu sei, que estamos abertas a apoiar, participar daquilo que for necessário para que, juntas possamos reviver aqueles momentos de encantamento que não se perderam no tempo.
Abraços a todas. Saudades!



sábado, 12 de maio de 2012

Visão deturpada?

Hoje está particularmente angustiada, decepcionada... Solidão, abandono, não pela família, desta ainda tem o "controle" devido a proximidade e a presença. Ainda... e este é o ponto.
Até quando? Parece que todos aos poucos vão se afastando, vão deixando de lado seus argumentos, suas idéias, sua presença. Será que não faz  falta?  Não tem nada que realmente alguém valorize?
Onde  errou? É o que se pergunta a toda hora.
Uns lhe dizem: é o seu jeito de falar, de se impor que faz com que as pessoas se afastem. Mas como?  Só quero ajudar, cooperar, esclarecer... Ninguém gosta disto? De novo aquele conceito? "Ter razão só atrapalha... ninguém gosta de quem tem razão." E  de novo se pergunta: Sou arrogante? Dona da verdade? Interfiro muito? Como mudar? Ninguém nunca quer ou nunca consegue mudar...
Será possível uma mudança radical? Como fazê-la? Como construir um novo ser? Uma nova cabeça? Novas ideias ou nenhuma ideia? Ficar em silêncio? Não emitir opinião? Não interferir? Não participar?
Como pode ser descartada de forma tão intempestiva? Sem o mínimo de consideração?
Sem avaliação de suas atitudes? Sem discussão de suas intenções? Inacreditável!
Mas não adianta... está frágil, insegura, apesar de acreditar em si mesma, tudo passa pela sua frente como num filme e o inconformismo com o final do filme é inaceitável para o seu dia a dia.
Espera apoio. Mas este apoio só virá se houver mudança, e, mudança radical.
Na verdade tomar atitudes de mudança, que quebrem o "status quo" não são fáceis e demandam coragem, força e muitas vezes não é o que se deseja ou o que se quer enfrentar. Enfrentar é a palavra, porque toda mudança gera enfrentamentos para os quais é preciso mais do que coragem.
E assim tudo fica igual... nem tudo, houve uma modificação decorrente daquilo que fez... mas até onde chegou o benefício? Como saber? Não parece ter sido bom o suficiente. Um lado foi beneficiado e manifestou seu contentamento mas o outro lado não viu desta forma . "Não se agrada a gregos e troianos" já diz o antigo ditado.
Está na fase do questionamento... queria que tudo fosse diferente. Doce ilusão... não depende  dela.
Nossas atitudes muitas vezes são incompreendidas, nossos objetivos deturpados e nada há que se possa fazer para mudar isto. Tudo foi explicado, mas nem tudo  foi aceito. Uma outra forma de enxergar foi apresentada.
Hoje ela leu o que uma amiga escreveu : " you got to stand up for what you TRULY believe!", você tem que defender o que realmente acredita... E  decidiu: é isto que vou continuar fazendo, defendendo  minha Verdade.
Mas a tristeza não a abandona... É a decepção com a fragilidade alheia.